TENTATIVA DE EMAGRECIMENTO MUITAS VEZES LEVA AO ADOECIMENTO FISICO E PSICOLOGICO

Como emagrecer de forma saudável e sem transtornos
Saiba por que o IMC não é o único indicador de um peso sadio em adultos


Frequentemente as mulheres são levadas a acreditar que, para serem bonitas, precisam ser, entre outras coisas - e talvez principalmente -, magras. Seja nas capas de revistas que estampam corpos esbeltos e cinturas afuniladas, no mundo da moda ou nas reportagens que mostram como alguém que perdeu peso agora vive, finalmente, uma vida feliz. Para onde quer que se olhe, parece que o “padrão de beleza do século XXI”, por vezes, beira o inalcançável.

Na tentativa de atingir o objetivo de emagrecer, muitas recorrem a métodos perigosos e sem qualquer orientação profissional. O resultado disso pode ser desastroso.

A falta de aceitação consigo mesma e a busca incessante pelo “corpo perfeito” podem levar muitas mulheres a fazer loucuras e, até mesmo, causar sérios transtornos, como anorexia e bulimia.

No entanto, é possível sim ter uma vida com saúde e um corpo em equilíbrio sem fazer dietas super-restritivas ou deixar de comer aquilo que gosta.

Confira dicas de especialistas de como sentir-se bem com seu próprio corpo e emagrecer de forma saudável.

7 Passos para o emagrecimento saudável

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Foto: Reprodução / Internet

1. Exercite-se

O processo de emagrecimento pode ser muito mais rápido, eficaz e, até mesmo, mais prazeroso quando inclui, além da dieta, a atividade física.
Natalia Fuks, nutricionista e psicóloga especializada em transtornos alimentares, ressalta a importância do exercício, especialmente para quem quer perder uma grande quantidade de peso. Ela lembra que exercitar-se é essencial para evitar a flacidez que essa perda pode gerar, pois desenvolve a musculatura e traz vários outros benefícios.

“Uma dieta que diminui a quantidade de calorias ingeridas, por exemplo, pode fazer com que o organismo desacelere o metabolismo. O exercício vai fazer com que ele não fique desacelerado, porque isso iria impedir o emagrecimento”, diz Natalia.
Além da perda de peso, vale lembrar que o exercício é fundamental para o controle de doenças crônicas cardiovasculares e para a melhoria da condição respiratória.

E há muitos tipos diferentes, desde a prática de esportes até a tradicional musculação. Para cada corpo e necessidade, existe aquele que é mais indicado, portanto, procurar orientação nesse sentido é o ideal para descobrir qual exercício mais se encaixa no seu estilo de vida. O importante é não ficar parado!
2. Cuidado com as dietas milagrosas

Dieta da proteína, dieta da sopa, dieta do sol, dieta do chá, dieta da lua, ufa! As opções de dietas que prometem eliminar muito peso de forma rápida são inúmeras. Basta uma pesquisa breve para descobrir diversos métodos que garantem ser infalíveis.

Apesar dos nomes estranhos, algumas delas podem realmente funcionar, mas a Dra. Natalia Fuks alerta: tudo que vai fácil, volta fácil. “Dietas que dizem que em uma semana você irá perder “x” quilos são reais, mas ao mesmo tempo são fictícias, por ser uma perda de peso que você não consegue sustentar”, diz.

A nutricionista ainda faz um alerta importante em relação à carência de nutrientes. Ela diz que quem opta por uma dieta muito restritiva, e que às vezes inclui apenas um tipo de alimento, pode sofrer deficiência de nutrição, o que pode trazer consequências negativas. Comer apenas um tipo de alimento, além de deixar o organismo carente de substâncias necessárias para um funcionamento saudável, pode gerar até mesmo uma espécie de intoxicação por excesso de vitaminas. A dieta ideal é que, no dia a dia, tenha “de tudo um pouco”.

Vale lembrar que perder peso leva tempo e requer paciência. Pessoas muito ansiosas e que recorrem a dietas rápidas podem acabar não conseguindo evitar os alimentos prejudiciais ao emagrecimento, o que torna o processo muito mais difícil do que se estivessem fazendo uma dieta regular.

O que acontece é que, após atingir o objetivo, muitos voltam a se alimentar de forma desregrada. “Restrição gera compulsão, gerando um descontrole da sua vontade. Então pessoas que fazem dietas restritivas demais oscilam entre restrição e um excesso de comidas muito gordurosas, o que gera um efeito sanfona”, diz Fuks.

Natalia aconselha que quem quiser submeter-se a uma dieta deve procurar aquelas mais equilibradas e possíveis de se manter a longo prazo. Isso porque a dieta não deve ter início, meio e fim, mas deve ser uma mudança na forma de se alimentar, uma reeducação. Com isso, seu corpo se modificará naturalmente, além de melhorar a saúde.

3. Está com fome? Beba água

Não, essa dica não é mais uma “dieta milagrosa”. Também não significa que você deva substituir a comida pela água. No entanto, as pessoas comem por diversos motivos que nem sempre estão relacionados à fome.

Além da ansiedade, um fato curioso é que o cérebro reconhece a sensação de fome e de sede da mesma forma. Por isso, a nutricionista ressalta a importância de manter o organismo hidratado, tomando água ao longo do dia. Isso ajuda a discernir a diferença entre a fome e a sede.

Devido a esse mesmo fator psicológico, outra dica interessante que ela costuma dar aos pacientes é: quando sentir fome, beba água e espere um pouco.

Ela explica que, às vezes, o cérebro nos engana, mandando um sinal de que estamos com fome, quando, na verdade, o corpo está desidratado e, portanto, com sede.

Na ânsia de emagrecer, há quem deixe de beber água acreditando que ingerir líquidos faz a barriga inchar. No entanto, beber líquido, especialmente a água pura, é fundamental para manter a pele e o organismo hidratados. “A água é o melhor termogênico que existe. Ela acelera o metabolismo, para que o organismo não fique lento, ajudando na perda de peso”, diz Natalia.

Se você acha que tem problemas de retenção de líquidos, o ideal é procurar um profissional da saúde, mas jamais deixe de se hidratar.
4. Evite alimentos fritos e industrializados

Entre os principais vilões da alimentação saudável estão as frituras e os produtos industrializados. Segundo Fuks, os alimentos fritos são os mais nocivos, porque têm como característica o fato de serem inflamatórios, e por isso aumentam a gordura abdominal, podendo, ainda, aumentar a pressão arterial e provocar doenças cardiovasculares, além de diversas outras doenças crônicas. Por isso a fritura deve ser consumida apenas esporadicamente, devendo ser evitada ao máximo.

Já os industrializados, apesar de serem práticos, costumam conter grandes quantidades de aditivos químicos, além de sódio, gorduras e açúcar. Quanto mais caseira, melhor a comida. Portanto, fuja dos fast-foods.

5. Saiba que nem toda gordura é ruim, e algumas até ajudam a emagrecer

Existe uma grande variedade de gorduras, mas nem todas elas são prejudiciais à saúde e algumas, inclusive, podem ajudar na perda de peso.

Segundo Natalia Fuks, a obesidade é um estado de inflamação do corpo, e o ômega 3 é uma gordura que atua como anti-inflamatório, e por isso bastante recomendável para a perda de peso. Ela está presente em alimentos como óleo de linhaça e alguns peixes, como o salmão.  

O azeite é outro ingrediente cuja gordura ajuda no emagrecimento e na prevenção de doenças cardiovasculares e, portanto, não deve ser eliminado. Natalia lembra que mesmo as gorduras consideradas saudáveis devem ser consumidas com moderação.

“Isso se aplica não só à gordura, mas a tudo. Todos os alimentos que consumimos, até os saudáveis, quando consumidos em uma quantidade exagerada vão fazer mal. A diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade”, diz.    

Por isso é preciso ter cuidado com os excessos de quaisquer tipos, mas cortar de vez todas as espécies de gorduras para emagrecer é, definitivamente, um mito.
6. Encontre o equilíbrio sem abrir mão do que gosta

A psicóloga explica que comer deve ser prazeroso, e não apenas uma necessidade. Por isso, é imprescindível ter uma boa relação com a comida. Deve-se buscar uma vida saudável por meio do equilíbrio, fugindo das dietas milagrosas e dos excessos, pois esses extremos podem contribuir para o desenvolvimento de distúrbios alimentares.

Fuks assegura que não há problema em comer de vez em quando um alimento que você gosta e que não seja tão saudável, desde que isso não seja um hábito.

“A comida não tem que ser inimiga, mas também não tem que ser a melhor amiga, porque se for melhor amiga, vai ser uma melhor amiga falsa e que vai te fazer mal, se for inimiga, ela também vai ser prejudicial à saúde”, diz.
7. Procure um profissional

Para cada tipo de corpo e objetivo existe um tipo de dieta específica, já que cada metabolismo funciona de um jeito. Por isso, aquela que sua amiga fez e diz ser ótima pode não servir para você.

É preciso saber quais são as suas necessidades e restrições alimentares para não acabar errando na dose. Um especialista em nutrição é fundamental para indicar o melhor e mais seguro método de perder peso, que seja ideal para o seu organismo.
Por que o IMC não é o único fator a ser considerado ao avaliar o peso saudável de um adulto?

imc.jpg   Foto: Reprodução / Internet        

O IMC, índice que mede a massa corporal de um indivíduo, é a forma de avaliação de peso mais conhecida e prática. Para encontrá-lo, basta dividir o seu peso (em quilogramas) pela sua altura (em metros) ao quadrado. Geralmente, a medida de IMC  considerada como peso normal é aquela que fica entre os valores 18,5 e 24,9.

Apesar de ser facilmente calculado, Fuks afirma que ele não é totalmente eficaz. Para entender melhor essa questão, ela dá o exemplo de alguém muito musculoso, como um atleta ou fisiculturista. É comum que essas pessoas tenham o mesmo peso e altura de um obeso, mas um IMC elevado não significaria que esses atletas não têm pesos saudáveis.

Portanto, o IMC pode ser um dos indicadores, mas não é o único parâmetro para avaliar o peso saudável. Isso porque essa medida não abrange a composição corporal, como no exemplo dado, em que o músculo pode pesar mais que a gordura.

Há outras formas mais concretas de se fazer essa avaliação. A mais utilizada recentemente, cita a Dra. Natalia Fuks, é a circunferência abdominal. “Mais do que uma questão estética, a gordura visceral, que é essa gordura abdominal, determina o fator de risco para doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, por exemplo”, diz.

Em mulheres saudáveis, o valor esperado da circunferência do abdômen varia de 80 a 88 (cm), sendo o ideal o igual ou abaixo de 80 (cm). Já para os homens, fica em torno de 94 a 102 (cm), e a ideal é a inferior a 94 (cm).

Ainda assim – fora as exceções, como no caso dos musculosos –, mesmo não sendo o único indicador a ser avaliado, Natalia diz que o IMC não deve ser desprezado, por ser bastante prático e apresentar valores que definem, entre outras coisas, os diferentes graus de obesidade.             

5 motivos pelos quais você NÃO deve se sentir obrigada a emagrecer

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Foto: Reprodução / Internet

1. Quem deve estar satisfeita é você!
Como lembra a psicóloga, uma das principais causas dos transtornos alimentares não vêm do fato da mulher não se aceitar do jeito que é, mas da influência da mídia e até mesmo de amigos, familiares e parceiros.

Muitas vezes aqueles que gostam da gente e querem o nosso bem nos dão conselhos de como agir ou ser. O problema surge quando isso se torna uma imposição, ou começa a te fazer sentir-se mal consigo mesma.          
Caso sinta-se pressionada nesse sentido e decida perder peso, primeiro é importante avaliar o porquê dessa decisão. Será que é isso mesmo que você deseja?

Lembre-se sempre: só você sabe o que te faz feliz e qual é a sua melhor versão, não os outros.
2. É possível estar acima do peso e ser saudável

Como já foi dito, nem toda gordura que ingerimos faz mal ao nosso organismo. Da mesma forma, nem sempre o “peso excedente” quer dizer que você não é saudável. Há outros fatores muito mais preocupantes em relação à saúde, como o colesterol ruim e o sedentarismo, por exemplo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) relaciona o termo “saudável” à pessoa em equilíbrio e que vive com bem-estar físico, mental e social, e isso nem sempre está ligado ao peso.

A Dra. Natalia Fuks diz que o peso não define exatamente a saúde de uma pessoa. “Alguém pode estar com o peso acima e estar com uma composição corporal ótima. O bem-estar, em geral, não está necessariamente ligado ao peso, portanto é possível sim uma pessoa estar saudável, se alimentar de forma saudável e estar acima do peso colocado como referência”, diz.
3. Fazer dieta por obrigação pode ser muito mais difícil

Seja por qual motivo você tenha decidido perder peso, se a escolha se torna uma obrigação, em um sentido negativo, o resultado pode não sair como o esperado. Isso porque quando a dieta ou o exercício se transformam em estorvo, é muito mais difícil manter uma rotina adequada.

As consequências disso podem incluir desde uma “recaída” nos hábitos antigos, interrompendo o seu objetivo, até a desistência, podendo causar o famoso “efeito sanfona” de que já falamos. A dieta não deve ser uma obrigação, mas uma mudança de hábito, cujos resultados físicos podem levar tempo. Por isso, se forçar a emagrecer pode ser muito frustrante, ocasionando, até mesmo, problemas psicológicos.  
4. Magreza não é sinônimo de beleza

Apesar do esforço da mídia, e da televisão de forma geral, para mostrar corpos esbeltos como sinônimo de beleza feminina, esse conceito é, na verdade, muito subjetivo. Parece um clichê, mas acredite, o que é bonito para uns pode não ser para outros.

Além disso, a busca sem limites pelo “corpo perfeito”, explica Fuks, é uma das causas principais para o desenvolvimento de transtornos alimentares, em especial a compulsão alimentar, a anorexia (quando para-se de comer) e a bulimia, que envolve episódios compulsivos de vômitos ou mesmo a ingestão de laxantes e diuréticos.

Se estiver com um desses sintomas, procure um especialista. Ele irá te ajudar a entender melhor o seu corpo e a perceber que é possível se sentir bonita de forma saudável e consciente, e que isso não necessariamente está relacionado ao fato de ser magra.             
5. Evite se comparar aos outros

Existem diversos tipos de estrutura física, por isso, por mais que você faça exercícios e coma bem, dificilmente terá o corpo igual ao daquela modelo, da apresentadora de TV, ou mesmo de alguém que conheça.

E mais, emagrecendo ou engordando, sempre vai ter alguém para dizer que “você estava mais bonita antes”, não é mesmo? Por isso, não tente se comparar ou tentar agradar ninguém quando o assunto for o seu corpo e a sua autoestima. E não se esqueça que o conceito de “corpo ideal” está longe de ser “real”. Bonito mesmo é ser saudável e se sentir bem com você.

Entrevista realizada com a psicologa Natalia Fucs, Psicoterapeuta do Nucleo Integrado, Especializada no Tratamento dos Transtornos Alimentares, Nutricionista (em formação),Especializada no atendimento a Adolescentes, Coordenadora do Grupo de Adolescentes do Nucleo Integrado

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